Pai Tira a Vida da Sua Filha Após Ela Negar Ter Rel…Ver mais

A morte trágica da bebê Maya Simor Pereira, de apenas um ano, em Cariacica, na Grande Vitória (ES), gerou comoção nacional e reacendeu debates sobre a aplicação da tipificação de feminicídio em casos de violência contra crianças do sexo feminino. O pai da criança, Thiago Colodoni Barcelos, de 19 anos, confessou o crime e se entregou à polícia, sendo autuado em flagrante por feminicídio.

Segundo o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, a menina foi encontrada morta dentro de casa com sinais evidentes de agressão. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constataram ferimentos no nariz, pescoço e até mesmo uma mordida no braço da bebê. A mãe da criança, grávida de nove meses, relatou que Maya era frequentemente agredida pelo pai, que alegava duvidar da paternidade da filha.

A tipificação do crime como feminicídio chamou a atenção de especialistas, já que esse enquadramento legal costuma ser utilizado em casos que envolvem mulheres jovens ou adultas. No entanto, como explicaram autoridades e juristas, o feminicídio pode sim ser aplicado a crianças, desde que fique comprovado o contexto de violência doméstica ou de menosprezo à condição feminina.

A delegada Michelle Meira, da Gerência de Proteção à Mulher da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), explicou que os delegados possuem autonomia para definir a tipificação dos crimes, desde que fundamentem juridicamente sua decisão. Ela reforçou que o feminicídio representa o assassinato de uma pessoa do sexo feminino motivado por razões de gênero — o que pode incluir desde mulheres adultas até meninas.

A advogada criminalista Layla Freitas também esclareceu que a idade da vítima não impede a caracterização de feminicídio. Para ela, “meninas são mulheres em formação, e se a motivação do crime estiver relacionada ao gênero ou ocorrer em ambiente de violência doméstica, a aplicação da lei se justifica plenamente”. A pena para feminicídio varia de 20 a 40 anos, podendo ser ainda mais elevada quando a vítima é menor de idade e descendente do autor do crime.

Este caso doloroso evidencia a urgência de proteger crianças em ambientes familiares marcados por abusos. O feminicídio de Maya não é apenas um crime brutal, mas um reflexo de uma sociedade que ainda falha em identificar e interromper ciclos de violência doméstica antes que o pior aconteça.