O entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro já reconhece que a possibilidade de ele escapar da prisão no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) é remota.
Diante desse cenário, aliados começaram a articular estratégias para garantir sua liberdade no futuro, considerando principalmente duas opções: a concessão de uma graça presidencial e a aprovação de uma anistia pelo Congresso Nacional.
Bolsonaro pode negociar apoio político em troca de uma graça presidencial
Uma das possibilidades avaliadas é condicionar o apoio político de Bolsonaro a uma candidatura de direita em 2026, em troca da concessão da chamada “graça” — um instrumento do direito penal brasileiro que permite ao presidente da República extinguir a punibilidade de um condenado por meio de um decreto.
Para viabilizar essa estratégia, Bolsonaro precisaria desistir de registrar sua própria candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou levar essa negociação para o segundo turno, caso ele ou seu vice não avancem na disputa.
No entanto, o STF já sinalizou que não aceita o uso da graça com base em afinidade político-ideológica, como ficou claro na anulação do perdão concedido por Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira.
Em 2023, a Corte considerou que o ato foi contrário aos princípios constitucionais de impessoalidade e moralidade administrativa, tornando o benefício inválido.
Além da possibilidade de a graça ser anulada, um eventual presidente que tentasse concedê-la poderia enfrentar um alto custo político logo no início do mandato em 2027.
Anistia no Congresso pode ser o caminho mais viável
Outra alternativa em discussão é a aprovação de uma anistia via Congresso Nacional, medida que já começou a ser articulada por aliados do ex-presidente.
Diferente da graça, que depende apenas de um decreto presidencial, a anistia exige a aprovação de uma lei ordinária pelo Legislativo.
Essa estratégia envolveria negociações diretas com partidos políticos e poderia ser condicionada ao apoio de Bolsonaro a uma candidatura de direita na eleição presidencial de 2026.
Entre os nomes citados como possíveis beneficiários desse acordo está o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
Apesar das articulações, o STF tende a manter uma postura rígida diante da situação. Com o julgamento avançando rapidamente, Bolsonaro pode passar todo o ano de 2026 preso, aguardando que um aliado da direita assuma a presidência e possa trabalhar por sua libertação. O cenário ainda é incerto, mas as movimentações nos bastidores indicam que a disputa pelo futuro do ex-presidente já começou.
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