
A trágica morte do gari Diego Maradona de Souza Silva, de 36 anos, ocorrida em Remanso, no norte da Bahia, no último domingo (29), trouxe à tona os perigos do consumo excessivo de álcool. O trabalhador morreu após beber 13 copos de uma bebida alcoólica em sequência, durante uma aposta feita com amigos em um bar da cidade.
Segundo informações da família, Diego estava no bar com mais três pessoas quando um dos colegas propôs o desafio: se eles conseguissem consumir 13 copos americanos — cerca de 200 ml cada — de uma bebida alcoólica, ganhariam uma garrafa de presente. O tipo da bebida não foi revelado pelas autoridades.
Dos quatro homens envolvidos, apenas Diego completou a aposta. Os outros dois amigos beberam quatro e seis copos, respectivamente, e desistiram antes de alcançar a meta. Após ingerir as 13 doses, Diego levantou-se para ir até a rua, mas caiu no gramado próximo ao bar. Os colegas acreditaram que ele estivesse apenas dormindo e permaneceram no local.
A situação só foi percebida como grave quando um transeunte viu Diego no chão, espumando pela boca. Ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, onde recebeu atendimento emergencial, mas não resistiu. Os dois amigos também foram encaminhados à UPA, mas foram liberados após avaliação médica. Diego, segundo familiares, já enfrentava problemas relacionados ao álcool. Ele deixa esposa grávida e duas filhas pequenas.
Especialista Alerta: Não Existe Dose Segura de Álcool
A morte do gari reforça o alerta sobre os riscos do consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Em entrevista ao g1, a hepatologista Nayana Vaz, do Hospital Mater Dei Salvador, explicou que não há quantidade segura de ingestão de álcool, já que seus efeitos podem atingir diversos órgãos, como fígado, pâncreas, coração e até o sistema nervoso.
Segundo a médica, uma dose padrão provoca aumento médio de 20 mg/dL na concentração de álcool no sangue, metabolizada geralmente em cerca de uma hora, mas essa taxa varia de pessoa para pessoa. No caso de Diego, o consumo ocorreu em grande quantidade e num curto intervalo, elevando o risco de intoxicação aguda.
“A intoxicação aguda por etanol pode se manifestar com desinibição, náuseas, vômitos, perda de memória, dificuldade para falar, andar ou coordenar movimentos. Em casos graves, pode ocorrer depressão respiratória, coma ou morte. Além disso, o álcool aumenta o risco de quedas, traumas e está associado a doenças como hipertensão, AVC e câncer”, destacou Nayana.
A médica reforçou que episódios de intoxicação podem ser indicativos de transtornos relacionados ao uso de álcool. Para ela, identificar sinais precocemente é fundamental para encaminhar o paciente a serviços especializados, prevenindo novos casos graves ou fatais.
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