A morte da pedagoga Claudineia Francisca Lima, de 46 anos, ocorrida no último sábado (15), após a realização de um procedimento cirúrgico estético em Belo Horizonte (MG), provocou forte comoção e abriu uma investigação por parte da Polícia Civil de Minas Gerais.
O caso ganhou repercussão nacional diante das denúncias feitas pela família e pelas circunstâncias que envolveram o agravamento do quadro clínico da paciente.
Cirurgia estética planejada terminou em tragédia
Segundo o relato da família, Claudineia havia se submetido a duas cirurgias combinadas: uma hérnia epigástrica e uma abdominoplastia.
O procedimento ocorreu em uma unidade hospitalar da capital mineira e foi realizado pelo cirurgião Marcelo Reggiani, que garantiu que a cirurgia transcorreu dentro da normalidade, sem intercorrências durante o ato cirúrgico.
O valor da cirurgia, inicialmente orçado em R$ 27 mil, teria sido reduzido para R$ 18 mil por meio de uma promoção de Black Friday, o que levou a família a questionar não apenas o custo reduzido, mas também a estrutura e a segurança oferecidas pelo local onde o procedimento foi realizado.
Anestesia geral e complicação respiratória
Durante o procedimento, Claudineia recebeu anestesia peridural inicialmente, mas, de acordo com o médico responsável, houve necessidade de aplicação de anestesia geral com intubação, após a peridural não surtir efeito satisfatório. Foi após a conclusão da cirurgia que começaram a surgir os primeiros sinais de complicações.
Cerca de duas horas depois do término do procedimento, Claudineia apresentou um quadro de inchaço facial súbito e expressivo, o que, segundo o cirurgião, seria compatível com um quadro de anafilaxia — uma reação alérgica grave e de rápida evolução. Diante da gravidade, foi recomendada sua imediata transferência para um hospital com maior capacidade de atendimento.
Três hospitais e tentativas de estabilização
A peregrinação da paciente por diferentes hospitais começou logo após a constatação do agravamento do quadro:
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Hospital Lifecenter: inicialmente, Claudineia foi levada a esta unidade, onde recebeu o primeiro atendimento de emergência para conter a anafilaxia. No entanto, como o plano de saúde da paciente não era aceito, a família optou por transferi-la novamente.
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Hospital MedSênior: no novo hospital, a equipe médica intensificou a investigação diagnóstica e realizou uma tomografia, que revelou a existência de uma lesão na traqueia. Diante do risco, foi solicitada transferência urgente para um hospital com equipe especializada em cirurgia torácica.
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Hospital Alberto Cavalcanti: transferida na sexta-feira (14), Claudineia foi submetida a um procedimento invasivo no sábado (15), mas acabou sofrendo duas paradas cardíacas durante o tratamento e faleceu.
Divergências sobre a causa da lesão
O cirurgião responsável, Marcelo Reggiani, nega que tenha ocorrido perfuração da traqueia durante o procedimento cirúrgico em si. Em sua versão, a lesão pode ter sido provocada durante o processo de intubação, uma prática comum durante a aplicação de anestesia geral.
Por outro lado, a filha da paciente, Ana Karolina, afirma categoricamente que sua mãe foi vítima de erro médico, apontando falhas na condução do procedimento e na sequência de transferências.
A denúncia foi registrada e a Polícia Civil de Minas Gerais já instaurou investigação para apurar as circunstâncias da morte. O corpo da pedagoga foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para exames periciais.
Despedida e comoção
O velório de Claudineia aconteceu na manhã desta segunda-feira (17), na Capela Metropax, em Belo Horizonte. O sepultamento foi realizado às 14h, no Cemitério do Bonfim, sob forte comoção de familiares e amigos, que agora aguardam respostas das autoridades sobre o que de fato aconteceu.
Enquanto a investigação segue, o caso levanta novos questionamentos sobre a realização de cirurgias plásticas em unidades particulares, a segurança de pacientes em procedimentos considerados de risco e o controle de possíveis complicações anestésicas.
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